O parto humanizado é aquele em que o atendimento respeita o ritmo natural do nascimento e recusa o uso de certos procedimentos médicos de rotina nas instituições hospitalares.
A cesárea e o parto normal hospitalar aproximam-se por exercerem o mesmo modo de assistência ao parto: ambos colocam a mulher em uma atitude passiva. Ela fica presa a uma maca durante o trabalho de parto, impedida de comer e de beber líquidos. Toma ocitocina sintética (hormônio que intensifica as contrações uterinas) e recebe anestesia sem opção de escolha.
Embora anunciados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como ineficazes ou, até mesmo, prejudiciais, tais procedimentos fazem parte do protocolo obstétrico na maioria dos hospitais.
A posição (horizontal) em que a mulher é colocada no trabalho de parto já é por si só um elemento que a deixa em postura passiva, já que a falta de liberdade de movimentos traz um desconforto significativo, limitando seu repertório de atuação. Junte-se a isso o fato da aplicação de anestesia ser hoje um procedimento padrão, realizado até mesmo sem que a parturiente seja consultada.
Sem controle sobre seu corpo, a mulher deixa de ser a protagonista desse momento e passa a receber do médico-obstetra os comandos que deve executar para que seu bebê venha ao mundo.
Roselene Nogueira, com a experiência de três partos normais, contou que, apesar de achar incômodo e penoso, nunca questionou os métodos de condução do trabalho de parto. “Eu achava que fazia parte, afinal era um trabalho profissional”, revelou. “Foi como se eu tivesse passado sem alma pelos meus partos”, concluiu. Quando ela descobriu o movimento pela humanização do parto, tornou-se ativista da causa. Hoje, é uma das colaboradoras da rede Parto do Princípio, que, segundo o site da organização, é formada por mulheres engajadas na luta pela “retomada do protagonismo de seus processos de gestação, parto e pós-parto”.
Luciana Palharini. Seminário discute falta de protagonismo da mulher nos partos hospitalares. Revista Comciência, 30/10/2009.
Disponível em: www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=3¬icia=574
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